“Um jovem, vestindo apenas um lençol de linho, estava seguindo a Jesus. Quando tentaram prendê-lo,ele fugiu nu, deixando o lençol para trás.” Marcos 14.51-52

A cidade de Jerusalém estava vivendo a noite mais dramática da sua história. Nas caladas da noite, as autoridades judaicas e romanas estavam tramando um plano maligno com a ajuda de Judas Iscariotes para prender o Carpinteiro de Nazaré, Jesus o Filho de Deus, Jesus já estava no Getsêmani travando uma luta de sangrento suor. Ele ora com forte clamor. Ele chora e suas gotas de suor se transformam em sangue. Os discípulos dormem. O inferno lança contra Jesus suas setas mais venenosas. Jesus geme, chora, sua sangue, mas se rende completamente à vontade do Pai e se dispõe ir para a cruz, Judas lidera a turba de sacerdotes e soldados que vão prender a Jesus. Ouve-se pelas ruas o tropel dos cascos dos cavalos. Muitas pessoas, movidas pela curiosidade abrem suas janelas. Outras, olham assustadas de dentro de suas casas. Mas um jovem, não se conteve. Do jeito que estava, enrolado em um lençol, pulou de sua cama e infiltrou-se no meio da turma para ver aquele dramático espetáculo da prisão de Jesus. Não se apercebeu que lençol não é roupa. Não se deu conta de que estava indevidamente vestido e que poderia ser desmascarado, denunciado e exposto a um vexame. Viu como Jesus chamou Judas de amigo. Viu quando Pedro sacou da espada e decepou a orelha de Malco e como Jesus a restaurou. Viu como Jesus voluntariamente se entregou. Viu como Jesus estava sereno, apesar do drama e começou a seguir a Jesus. Este jovem é mais do que uma estatística na multidão, ele é um símbolo. Representa os seguidores ocasionais. Ele decidiu seguir a Jesus sem medir as consequências. Nem se apercebeu que estava apenas enrolado em um lençol, sem roupas próprias. Curiosidade, pressa que fizeram daquele moço um discípulo sem compromisso.

Esse texto nos ensina algumas lições práticas.

I- Aqueles que se cobrem de um lençol são um símbolo dos seguidores de Jesus, mas sem compromisso

Seguem a Jesus, mas não tem compromisso. A Bíblia nos mostra que o rapaz seguia a Jesus. Mas não era um verdadeiro discípulo. Faltava-lhe o compromisso com Jesus. Seguia Jesus movido pela curiosidade, mas não tinha aliança com ele.

1. A geração do “Fica” – Este jovem é um símbolo da nossa geração que “fica” sem compromisso. No namoro, no casamento, nas amizades, no emprego, sem aliança…sem compromisso. As coisas e as pessoas estão se tornando descartáveis. Hoje as pessoas estão “ficando” até com Jesus e com a Igreja. Não querem compromisso. Não firmam raízes. Não há o princípio da fidelidade. Aquele jovem colocou o lençol só para ver de perto e voltar para a sua cama…sem compromisso com as verdades Palavra. Era uma aproximação casual de Jesus. Nada de compromisso. Muitos estão assim hoje: aproximações sem nenhuma fidelidade. Muitos estão “ficando” com Jesus apenas numa noite de louvor, mas sem compromisso de fidelidade a ele. Vêm à igreja apenas em ocasiões especiais. Pensam que fazendo isso estão quites com Deus. Mas isso não é seguir a Cristo. Ser discípulo é mais do que ter emoções, estar perto. É fazer a vontade do Pai, ser fiel a Ele

2. A síndrome do controle remoto – O controle remoto é o instrumento da mudança. A decisão de mudar de canal está na ponta dos seus dedos. O controle remoto favorece em muito o descomprometimento. Com o controle remoto não há fidelidade a um canal, há um interesse por tudo e por nada, porque, e no final, tudo e nada foi visto. Essa mania do controle remoto acabou por se manifestar nos relacionamentos. As pessoas não conseguem ficar muito tempo com a mesma namorada(o) com o mesmo marido, com a mesma esposa, com o mesmo carro, com os mesmos amigos, na mesma igreja. Hoje os crentes dizem que Jesus satisfaz, mas vivem insatisfeitos. Vivem a procura de coisas místicas, ou se deliciar coisas do mundo. O que mais as pessoas andam buscando é prosperidade, saúde, sucesso e não intimidade com Deus. E quando suas expectativas não são atendidas, elas abandonam a igreja. O lençol não tinha amarração, costura, nem um cinto sequer. Compromisso é amarração, costura, segurança.

II – Aqueles que se cobrem com um lençol são um símbolo daqueles que vivem a superficialidade da vida cristã

O lençol era a única cobertura que aquele jovem possuía. Era, portanto, um arranjo, uma proteção superficial. Não havia mais nada além daquilo que era aparente. Quando arrancaram-lhe o lençol, não havia mais nada para lhe proteger. Segurança aparente , conforto aparente, discipulado aparente, cristianismo aparente.

1. Lençol não é roupa – A turma do lençol está tentando mostrar que podem ser, o que não são. A turma do lençol é light. Tudo lhe interessa, mas de forma superficial. Não tem vida devocional consistente. Não tem vida de oração regular. Não tem deleite nas coisas de Deus. Aproxima-se, olha, segue, mas sem compromisso.

2. Superficialidade que gera permissividade – Pessoas sem filtros morais têm dificuldade para dizer NÃO, para discernir as coisas que são de Deus das que não são, para separar o precioso do vil. O importante para essas pessoas é a aparência.

3. A síndrome do Simão, o mágico (Atos 8:5-24) – São aqueles que misturam as coisas de Deus com ilusão religiosa. Simão iludia o povo, seu interesse era o lucro. Simão abraçou a fé. Foi batizado. Passou a acompanhar os discípulos na evangelização, mas nunca foi um convertido, quantos assim nas igrejas. Estava vestido de roupa de crente. Parecia um crente, mas não era um crente. A turma do lençol se impressiona com o que vê. Mas não estão firmados na Palavra.

III – Aqueles que se cobrem com um lençol são um símbolo daqueles que preferem o que dá certo em lugar , do que é certo. 

O moço do lençol fez exatamente isso. Não era certo sair de lençol, mas naquele momento deu certo. Era noite, e como diz o ditado: “à noite, todos os gatos são pardos”. Naquela época, os homens usavam roupas compridas. O lençol enrolado no corpo, à noite, parecia–se com a vestimenta de qualquer homem naquele momento.

A Bíblia diz em 1 Coríntios 10:23 que “nem tudo que é lícito é conveniente”. A bebida alcoólica é legal, lícita, porém para os filhos de Deus não convém. A pornografia está aí, em bancas de revistas, na televisão e no cinema. O adultério não é mais crime. O divórcio não é visto mais como algo que Deus odeia. Estamos adaptando demais a algumas coisas que dão certo no mundo. Abraão buscou um filho do seu jeito, pelo seu método e até hoje o mundo sofre as consequências. Nem sempre o que dá certo ou é certo para o mundo, é certo para cristão. A turma do lençol não se baseia nos princípios éticos da Palavra de Deus, mas naquilo que diz a sua intuição espiritual. Cada um cria a sua própria moral. O que orienta a sua vida: o que é certo ou que dá certo? Na família, nos negócios, no trabalho?

Há outro equívoco com a turma do lençol – a fé com base em resultados, deu certo com tal pessoa, então vamos fazer igual. A experiência de um não é a outro. Não é porque Deus fez algo em sua vida, que vai fazer igual na minha. Deus permitiu que Tiago fosse morto à espada e livrou Pedro da prisão. Paulo foi usado por Deus para curar muitas pessoas, mas ele mesmo não foi curado do espinho na carne.

IV – Aqueles que se cobrem com um lençol são um símbolo daqueles que querem ser diferentes, mas não fazem a diferença

Aquele jovem foi identificado como um seguidor de Jesus. Ele não estava no grupo que prendia a Jesus. Então, pensaram: ele é seguidor de Jesus. Mas quando lançaram mão dele, ele estava se cobrindo com um lençol e saiu correndo nu. Na verdade ele não era um discípulo, era um carona da fé. Assim são muitos hoje. Carregam uma Bíblia, usam camisetas com frases bíblicas, mas na hora de fazer diferença, ser sal e luz, cai o lençol e só o que se vê é uma cena lamentável. Falta consistência. Faz do evangelho uma piada.

Ex.: O jogador de futebol evangélico que ao fazer um gol, levanta a camisa e mostra uma frase na camiseta: DEUS É FIEL. Depois se dirige à câmera e diz um monte de palavrões. Isso leva o evangelho a cair em descrédito.

A turma do lençol é como o profeta Jonas – Eles são contraditórios. Eles dizem que temem o Deus do céu, mas estão andando na contra-mão da vontade de Deus. Dizem que crêem em Deus, mas estão fazendo o contrário do que Deus mandou. Hoje somos quase 30% da população, mas fazemos pouca diferença. As pessoas estão na igreja, mas não mudam da vida. Aprendem a dar glória a Deus na igreja, mas não aprendem a falar a verdade no trabalho, entre os amigos, família.

Afinal quais são as vestimentas espirituais apropriadas para um seguidor de Cristo?

1. Vestes de louvor – Isaías 61:3 “ e dar a todos os que choram em Sião uma bela coroa em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de pranto, e um manto de louvor em vez de espírito deprimido”
Usar vestes de louvor não é apenas caminhar pela vida cantando, mas viver de forma que Deus seja glorificado em nossa vida. ao invés de viver sob o manto da tristeza e do espírito angustiado, exalte ao Senhor, glorifique o seu nome em toda circunstância.

2. Vestes de salvação – Isaías 61:10 “É grande o meu prazer no Senhor! Regozija-se a minha alma em meu Deus! Pois ele me vestiu com as vestes da salvação e sobre mim pôs o manto da justiça, qual noivo que adorna a cabeça como um sacerdote, qual noiva que se enfeita com jóias.”

Você não pode apenas aparentar um seguidor de Cristo. Ver a caravana passar não significa que você está passando com ela. Estar presente no meio da multidão, não significa que você é um discípulo. Certifique-se de que você já tem as vestes da salvação, pois quem não as tiver será lançado fora no dia do Senhor.

Conclusão: Não corra o risco de se cobrir com um lençol, com aparência de roupa. Uma hora o lençol pode cair e mostrar sua nudez espiritual. Não aceite ser: um cristão sem compromisso com a Palavra, com igreja, com a liderança, um cristão que vive na superficialidade na vida cristã, um cristão que vive pelo que dá certo e não pelo que é certo, um cristão que quer ser diferente mas não faz a diferença, um cristão que participa da Glória de Deus, mas não conseguem manifestar essa Glória através de suas vidas.

Deus os abençoe, Pra. Ivanilde Augusto