Neemias 9:38 “Em vista disso tudo, estamos fazendo um acordo, por escrito, e assinado por nossos líderes, nossos levitas e nossos sacerdotes”.

A primeira reforma promovida por Neemias, fez com que a cidade passasse por uma imensa reforma física, econômica e social. Já a segunda reforma foi espiritual: Esta foi a mais importante. Surgiu do desejo de conhecer a palavra de Deus. O povo começou a estudar a Bíblia e orar, e os resultados vieram: choro pelo pecado, confissão e vontade de acertar-se com Deus. Então, Israel não quis ficar só nas palavras e nem na emoção do momento: decidiu fazer uma aliança com o Senhor, assumindo e registrando compromissos. Uma coisa é sermos impactados pela palavra e fazermos uma oração fervorosa de confissão, como pode ser visto no capítulo 9 de Neemias, outra, muito diferente, é sermos fiéis a Deus e nos mantermos assim, depois que dizemos: “Amém”.

Os líderes e todo o povo fizeram um pacto solene de fidelidade. Essa atitude é desafiadora para nós hoje, pois vivemos numa época em que muitas pessoas não gostam de assumir compromissos.

Nesta mensagem, que se baseia em Neemias 10, refletiremos sobre os participantes e os compromissos desta aliança de fidelidade feita com Deus.

1. Os participantes: O capítulo 9 v.38 termina assim: Em vista disso tudo, nós estamos fazendo um acordo, por escrito (…) e assinamos este contrato. Com essa atitude, os companheiros de Neemias estavam dizendo: “Senhor, (…) que isso signifique uma promessa selada (…). Assinaremos nossos nomes a fim de provar que manteremos a promessa”. No capítulo que estamos estudando começa com uma lista dos nomes daqueles que selaram o documento (Neemias 10:1-27). Sabe quem é o primeiro da lista? Neemias é claro! O líder deve sempre ser o exemplo, e Neemias era. É lamentável quando o pastor quer que a igreja mude, mas ele mesmo não dá o exemplo. Também é igualmente triste pais quererem que os seus filhos assumam um compromisso que eles próprios nunca quiseram assumir.

Neemias não era assim. Ele foi o primeiro a assinar e a assumir o compromisso diante de Deus.

Que cena tremenda: cada uma daquelas pessoas que ouviram a leitura e a explanação da Palavra estava, agora, assumindo, com consciência, o compromisso de obedecer ao que lhe fora ensinado. Essa postura dos judeus concorda com o ensino de Tiago, que disse: “Sede praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando a vós mesmos” (Tiago 1:23-24). Quantas vezes ouvimos a palavra, nos comprometemos com ela, mas, logo a esquecemos? É só lembrarmos as muitas promessas não cumpridas que já fizemos, a cada início de ano.

Neemias e seus amigos não queriam que isso acontecesse. decidiram praticar e, para não esquecer, revolveram anotar num documento cada atitude a ser tomada. Fizeram um juramento, que implicaria castigo ao desobediente (Neemias 10:29).

2. Os compromissos: Anotar, a fim de não esquecer o que devemos praticar ou melhorar é um exercício precioso. Foi isso que Neemias e os demais judeus fizeram. Diante da exposição da lei de Deus, eles perceberam claramente em que estavam falhando e decidiram fazer um pacto de mudança.

Em primeiro lugar, assumiram um compromisso de obediência à palavra. Eles decidiram “andar na lei de Deus” e disseram: … Obedeceremos a tudo o que o Senhor, nosso Deus, nos manda; e cumpriremos todas as suas leis e mandamentos (Neemias 10:29b). Eles elegeram a palavra de Deus como regra suprema e fizeram da obediência um projeto de vida. Que bela decisão!

Em segundo lugar, assumiram um compromisso com a pureza do casamento. Jerusalém estava cercada de gentios que queriam que o povo de Deus fizesse parte de seu meio social e econômico. A melhor maneira para isso acontecer era através dos casamentos mistos. Porém, não era a vontade de Deus. Essas uniões mistas com estrangeiros idólatras eram condenadas pela lei de Deus (cf. Êx 34:12-16). O motivo para a proibição desses casamentos mistos não era racial, mas espiritual e religioso. Não era uma questão de preconceito, mas de santificação do povo. Nestes casamentos, o cônjuge judeu corria um grande risco de perder a sua fé. De que forma um judeu casado com uma esposa idólatra poderia obedecer fielmente às leis cerimoniais e às leis da alimentação? Os jovens cristãos devem prestar atenção nisso para não sofrer no futuro.

• Em terceiro lugar, assumiram um compromisso com a observância do sábado. Antes de Neemias chegar, Jerusalém era uma “cidade fantasma”, uma “terra de ninguém”, mas, após a sua reedificação, tornou-se uma “terra de oportunidades”. Devido à posição geográfica estratégica da cidade e ao talento dos judeus para os negócios, muitos viam a chance de prosperar e, de fato, alguns estavam prosperando. Outros, ali, ainda estavam buscando “seu lugar ao sol” e trabalhavam por sobrevivência. Com isso, o dia do Senhor estava sendo negligenciado. Se guardassem o sábado, teriam um dia a menos para o comércio.

Então, a ganância e a falta de confiança em Deus estavam levando-os a pecar. Mas decidiram que era hora de mudar. Eles afirmaram que não comprariam nada no dia de sábado (10:31a). Seriam fiéis em seus negócios; inclusive, prometeram guardar os anos sabáticos (10:31b), isto é, de sete em sete anos, fariam a terra descansar por doze meses. Foi uma grande prova de confiança e um lindo exemplo de dependência de Deus.

• Em quarto lugar, eles assumiram um compromisso com a manutenção da casa de Deus. Em Neemias 10:32-39, é repetida nove vezes a expressão “a casa do Senhor”. A ênfase é clara: eles decidiram dar a devida atenção à manutenção da obra. Por muito tempo, o povo havia negligenciado o lugar da adoração, mas agora seria diferente. Eles prometeram entregar as ofertas e os dízimos para o sustento dos levitas e dos sacerdotes e para o cuidado do templo.

Você deve ter percebido que as questões levantadas no capítulo 10 de Neemias são bastante atuais. Em nossos dias, vemos, ainda, cristãos sofrendo por causa de casamentos mistos. Vemos, também, alguns com dificuldade na guarda do sábado, tendo que escolher entre o sustento e a fé. Para outros, a questão é a fidelidade nos dízimos e nas ofertas. Poucos gostam de rever seus conceitos, de reconhecer o erro e recomeçar. Porém, a vida cristã é marcada por recomeços. Precisamos nos consertar com Deus.

Aplicando a Palavra de Deus em nossa vida

Não seja superficial – Neemias percebeu que a reconstrução do muro era só uma parte de um longo percurso. Por mais grandiosa que fosse a reforma feita na cidade, ainda era superficial. Perecia que tudo estava bem, mas não estava. Havia iniquidade dentro da cidade. Outra reforma era necessária, uma reforma espiritual, profunda e radical.

Neemias não ficou satisfeito com a superficialidade do “muro” e levou o povo a um grande reaviva mento espiritual. E nós? Que compromisso temos assumido com Deus? Como está nossa santidade? E nossa vida de oração? Superficial? Meu irmão, não se contente só com o “muro”, não fique só na aparência. Pegue a Bíblia e, com base nela, faça um exame completo de sua conduta e de seu interior (Hb 4:12). Se for preciso, recomece; volte atrás e refaça o seu pacto com Deus.

Não fique somente nas palavras – É triste quando os compromissos assumidos com Deus ficam apenas nas palavras. Afirmamos que vamos mudar, mas não mudamos; dizemos que vamos orar mais, e não oramos. Garantimos que iremos controlar a língua e não controlamos. Neemias não queria que isso acontecesse com Israel, e fez com que todos os líderes do povo assinassem uma aliança, com princípios de condutas. Ele não ficou só nas palavras: partiu para a ação.

Se você deseja que suas promessas a Deus não sejam apenas promessas, parta para a ação. Mude sua agenda e seus hábitos. Não espere para manhã. E lembre-se: Coloque em prática a palavra de Deus, e não seja apenas ouvinte (Tg 1:22 – NBV).

Não vise somente ao seu interesse – O compromisso feito por Israel era admirável. Porém, significava abrir mão de muitas coisas. O povo iria perder casamentos socialmente lucrativos; teria de fechar o comércio aos sábados, perdendo “dias úteis”, e não iria mais sonegar os impostos para a manutenção do culto. Mas quem disse que ser fiel é algo fácil? Ser fiel é escolher a porta estreita; é andar na contramão do mundo; é remar contra a maré.

Quem está disposto? Há cristãos que assumem compromissos com Deus e fazem promessas e votos para alcançar bênçãos e obter proveitos desse relacionamento. Mas quem está disposto mesmo a abrir mão das “vantagens”? Quem é capaz de negar a si mesmo?

Conclusão

Este episódio da história dos judeus nos desafia, hoje, a sermos cristãos comprometidos com a palavra de Deus e a estarmos dispostos a recomeçar. Acabamos por fazer concessões e abrir mão de alguns princípios cristãos. Por isso, de tempo em tempo, precisamos voltar à Palavra e nos acertar com Deus. Que estejamos dispostos a recomeçar e a assumir compromissos com Deus.

 

Deus abençoe, Pr. Pinho